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INÍCIO DE TRABALHOS DA TEMPORADA DE CONSERVAÇÃO DE CAGARRA NA ILHA DA BRAVA COM RESULTADOS POSITIVOS

A ilha Brava é a única ilha que não possui uma área protegida. É uma ilha muito pequena, porém muito verdejante, conhecida pelas suas flores e pela sua história de baleeiros.

A informação sobre a diversidade de aves marinhas que lá se reproduzem é muito escassa. Sabe-se que reproduzem ali a Cagarra (Calonectris edwardsii), o Rabo-de-junco (Phaethon aethereus) e o Alcatraz (Sula leucogaster), mas em locais quase inacessíveis. Observou-se a presença de espécies como o Alcatraz de patas vermelhas (Sula sula) e pensa-se também a existência do Pedreiro (Puffinus ilherminieri boydi). De todas essas espécies, uma é endémica, a Cagarra (Calonectris edwardsii) e outra é subespécie endémica, o Pedreiro (Puffinus ilherminieri boydi).

No âmbito do projeto “Promover a Conservação das Aves Marinhas de Cabo Verde”, financiado pela fundação Mava e coordenado pela BirdLife International e em parceria com a Universidade de Barcelona, desde 2018, a Associação Projecto Vitó tem desenvolvido várias atividades na ilha Brava. Foram basicamente atividades de sensibilização na comunidade escolar e piscatória. Em 2019 e 2020, começaram atividades de prospeção de áreas de reprodução em terra e à volta da ilha com a identificação de colónias de Cagarra (anilhamento de alguns adultos e filhotes e marcação de ninhos), Rabo-de-junco, Alcatraz e alguns indivíduos de Alcatraz de patas vermelhas.

Equipa técnica Projecto Vitó na ilha da Brava

A equipa técnica enquadrada no presente projeto é coordenada pelo técnicos biólogos Nadito Barbosa e Ivandra Gomes, auxiliados por 2 técnicos biólogos, Deusa Araújo e Cátio Pina, e também por uma estudante Licencianda do curso Ciências Ambientais da Universidade de Barcelona, Laura Jiménez Sierra, que encontra-se na ilha Brava com a equipa técnica, a fim de aperfeiçoar a componente prática do respetivo curso.

Este ano, os trabalhos de conservação e monitorização da Cagarra teve o seu início em meados de junho de 2021, de forma permanente, com visitas diárias ou de três em três dias nas 4 principais colónias de reprodução: Bafador, Baca, Piran e Braco Cagarra. Para aceder os ninhos, a equipa técnica precisa fazer travessia de barco, com duração cerca de 15 a 20 minutos, onde, posteriormente, seguem a nado até às colónias. Este difícil percurso é dependente dos fatores ambientais, como o estado do mar, condições do vento, entre outras variáveis incontroláveis.

Equipa técnica Projecto Vitó na ilha da Brava

Desde o início dos trabalhos de conservação desta espécie na ilha da Brava, os resultados apresentados pela equipa técnica têm-se revelado bastantes satisfatórios e promissores de uma boa temporada para o ano de 2021.
Até o presente momento, a equipa técnica apresenta seguintes resultados:

  • 53 ninhos marcados;
  • 15 GPS colocados;
  • 37 ninhos ativos;
  • 45 adultos anilhados;
  • 19 recaptura de adultos;
  • total de 6 câmaras foto armadilhagem;
  • GPS de botes: 4 GPS de bote recuperado; 9 GPS de bote por recuperar
  • Troca de pilhas e cartão de SR.

Equipa técnica Projecto Vitó na ilha da Brava

 
A Cagarra é uma espécie que reproduz em quase todas as ilhas, com exceção das ilhas do Maio e de Santa Luzia. Porém, esta espécie está em risco de extinção, devido a diversos fatores, principalmente, a intensa caça e captura por humanos, grande maioria pescadores. Faz o ninho em buracos no chão ou em cavidades rochosas de diversa profundidade, estando presente em zonas inacessíveis de falésias.